Tromba d’água pega o bode vê como é que pode chover no sertão As araras fazem festa hoje tem seresta lá no riachão O mato verde sacode a poeira seca do olhar E as crianças de dança em ribanceira vão brilhar Benza fundo sou Raimundo pra pisar no mundo Vem molhar o chão Do meu coração Do meu coração Do meu coração Muitas luzes na paisagem formam bela imagem nessa direção Os pingos pingando pinga pigam na restinga vinga o violão A cacimba que transborda o balde perde a corda da mulher E as espigas instigam ter canjica o arrasta-pé Hoje é dia de Maria traga uma alegria Vem molhar o chão Do meu coração Do meu coração Do meu coração Moças belas da caatinga me dão trela e xingam se eu não casar não Peço que me esperem a chuva meço toda a curva que vem do trovão Pode gritar a quadrilha nessa trilha é bom sonhar E se tem cobra se pula a sogra A mula vai cantar Se não tem rei na barriga Faça duas figas Vem molhar o chão Do meu coração Do meu coração Do meu coração O ano que vem tem água nem que seja a mágoa do acordeão Pelo vento passa o tempo a vida que se inventa nessa arrumação A enxurrada passando a gente vai rezando pra voltar O bode é dor de saudade Quando dá de ruminar Chega dessa ladainha Amor que tu me tinhas Vem molhar o chão Do meu coração Do meu coração Do meu coração