Quando O Saber Se Levanta.
Composição: Claudio Luis de Jesus Santos.
Eles não temiam a espada.
Temiam a palavra.
Não era o fogo —
era a faísca que acendia ideias.
Vieram com mapas, leis e correntes
mas temiam as vozes conscientes
Sabiam que um povo que pensa e ensina
derruba impérios com a própria língua
Trouxeram escolas que cegam os olhos
mas nas aldeias, o saber já era solo
Na favela, o saber vira canto
e quem escuta já não vive calado
Eles tremem quando o povo se junta
quando o saber vira ponte e pergunta
Quando a sabedoria se espalha no ar
e ninguém mais aceita se calar
Têm medo do livro aberto na mão
da roda que ensina sem direção
Da ciência aliada à memória
e da verdade reescrevendo a história
Não é o caderno que assusta os senhores
é o quilombo nas páginas, os amores
É o saber que brota do chão
não se dobra, não pede permissão
É a vó que ensina com o olhar
é o pai que sabe sem precisar falar
É o jovem que lê e questiona
é a mente que sonha e confronta
Eles tremem quando o povo se junta
quando o saber vira ponte e pergunta
Quando a sabedoria se espalha no ar
e ninguém mais aceita se calar
Têm medo do livro aberto na mão
da roda que ensina sem direção
Da ciência aliada à memória
e da verdade reescrevendo a história
Porque saber é fogo que não apaga
é rio que escapa, é rede que embala
E sabedoria, meu irmão, é raiz
que cresce mesmo quando o chão diz "desista"
Agora os muros não contêm mais vozes
os cantos se unem em mil e uma vozes
A sabedoria se encontra com o saber
e o medo muda de lado, pode crer
Eles tremem quando o povo se junta
quando o saber vira ponte e pergunta
Quando a sabedoria se espalha no ar
e ninguém mais aceita se calar
O que eles mais temiam...
era que a gente se ouvisse.
E agora que escutamos uns aos outros...
não tem volta.