Quando eu era criança, rolei pedra por gostar E olhava o estrago que dava antes de parar O morro, quanto mais alto maior a satisfação Rolei uma das grande', derrubou meio galpão Todos queriam saber o autor da safadeza Meu avô, velho parceiro, agiu em minha defesa Dizendo que aquilo era fenômeno da natureza Aliviou o meu couro mas não livrou da tristeza Proibiram rolar pedra, me botaram no serviço Trabalhava no pesado mas não ligava pra isso Nos intervalos de folga saía me divertir Rolava uma das bem grande, quase morria de rir Depois de muito esforço, rolei maior do rincão Além de muito estrago deu grande repercussão Provocou uma avalanche nunca vista na região Matou um lote de gado e soterrou mais um galpão Destruiu um trecho de estrada, mudou o curso do rio O rancho do tio Maneco do caminho até sumiu O estrago foi tão grande, maior esculhambação Sumiu o rancho e os tareco' e até as palhas do colchão Trabalhei de sol a sol consertando a estrada Trabalhava o dia inteiro mas não me rendia nada Fugia do meu serviço, pros morro' ia procurar Encontrava uma grande e cavocava até rolar Meu avô disse ao meu pai, não adianta judiar Foi aí que me mandaram pra faculdade estudar Era para estudar música, resolvi contrariar Só porque lá na cidade não tem pedra pra rolar