Rancho de matuto Fiz minha casa com o barro do riacho, todas madeiras lá de baixo, pindaíbas do igapó Fiz o telhado com as folhas do buriti, com carinho construí meu rancho no cafundó Sob a mangueira bica d’água e monjolo, sinto lágrimas nos olhos, meu recanto encantador. Todas as noites em que o céu tá estrelado, viola em prece, o choro de um ponteado, e por meus calos, agradeço ao Criador. Nesse meu rancho eu já tenho quase tudo, é um paraíso absoluto, mas tenho que confessar. Sabe o que falta nesse rancho de matuto? Falta a voz que não escuto, da dona desse lugar. O meu ranchinho escondido ao pé da serra, meu pedacinho de terra, a minha bênção de Deus. De manhãzinha canta o galo no poleiro, eu me levanto ligeiro, quando ainda está um breu. Eu tiro o leite da vaca mansinha, também trato das galinhas, e pro almoço uns lambaris. Vejo no pasto meu cavalo tordilho, ali tristonho perto da roça de milho, também que sente a falta da morena aqui.