Desordem
Composição: D' Moreno.É só desordem
É só desordem
Sangue escorrendo nas ruas, nos guetos
Favela armada, crianças com medo
Carro na calada, neguinho correndo
Dez tiros, pistola, ninguém tem sossego
Preto mata preto, branco mata branco
Polícia embaça e causa espanto
A névoa, neblina, embaralha a vista
A morte pra mídia - capa de revista
Família chorando, um pai sai um filho
Estampido causa choro nos aflitos
Ninguém tem direito de ir ou de vir
O crime aqui, tão de destruir
Ganância dos homens gera atentado
Tipo terrorista ou golpe de estado
Mais um acusado deitado no chão
Efeito da guerra da corrupção
Alguns dizem sim, outros dizem não
As mãos estão dadas erguendo caixão
Lágrima escorre, a vila tá em sangue
Treta causa morte, gangue contra gangue
Assim continua correria foda
Portar um fuzil aqui virou moda
Meninas empinam a bunda pra cima
Dizem ser gostosas, esquecem a chacina
Na noite neblina, drogas alucinando
Um carro parado, armas atirando
Os corpos caíndo, o sangue jorrando
Muita gritaria, pessoas passando
A luz da sirene vai se aproximando
"Todos mão pra cima, o que tá rolando?"
É só desordem
Lágrimas correm
É só desordem
E o sangue escorre
É só desordem
E o sangue escorre
É só desordem
Lágrimas correm
Futuro aqui é enfrentar a sorte
Passar dos 18 cê tem que ser forte
O brilho dos olhos só do holofote
Navalha passando, cuidando com o corte
Aqui falta água, é pouca comida
Mas sempre cerveja, muita cocaína
Fumaça da ganjah, risada das mina
A boca gerando emprego pras vida
Cai mais um por dia, cadeia lotando
Facul de bandido, de lá sai matando
O baile lotado, gaiola bombando
O cara no rádio visão vai passando
Foguete estoura, polícia chegando
Mas não pega nada, propina pagando
Muito diferente morro e asfalto
Bonde no asfalto fazendo assalto
Carro na fuga, 200 por hora
Picada da choque, estoura a roda
Capotagem feia, corpos pegam fogo
PM olhando não presta socorro
Missão foi cumprida diz o delegado
Brasil da desordem e do pouco caso
É só desordem
Lágrimas correm
É só desordem
E o sangue escorre
É só desordem
E o sangue escorre
É só desordem
Lágrimas correm
Vale quase nada nossa própria vida
Em todas as casas exposta a ferida
Massacre sorriso no rosto do rico
Menos um no crime, eles ficam rindo
As armas nos deram, as drogas também
Fronteiras abertas pro seu próprio bem
Quem ganha com a guerra, o rico ou pobre?
A Taurus milionária enchendo os cofre
Morte entre os nossos é cotidiano
Brasil é escravo a 500 anos
É só desordem
Lágrimas correm
É só desordem
E o sangue escorre