O elefante e a Bailarina
Composição: Débora di Sá/Itamar Ribeiro.O ELEFANTE E A BAILARINA
(Débora di Sá/Itamar Pires)
Chegaram no mesmo dia no circo
ele de trem, de um zôo de Itanhanhém,
ela, très chique, de cantar em cassino.
Praquele bicho enorme ela nem liga,
ele todo tenso e fascinado,
pela bailarina que foi equilibrista,
que cantou em cassino, foi atriz e foi miss,
que tem boca de cereja,
que mesmo quieta brilha numa roupinha vermelha,
a nova estrela, que foi atriz, que tentou até ser trapezista.
E assim passou um ano ou um dia
e no dia seguinte a grande novidade:
o elefante pôs capacete e virou motociclista,
no globo da morte ele se arrisca, arisco,
um raio e ela já nem finge que não liga
e com a platéia muda faz figa.
Que romance mais esquisito
numa noite de relâmpago, foi-se a luz do circo
e o elefante, pra iluminar a bailarina,
rouba um punhado de estrelas e o brilho da lua inteira.
Depois de um ano, ou um dia depois,
entenderam, os dois, que o tempo
já não tinha vez, nem alento,
que o tempo se tornara mais leve
e mais lento quando passava perto
do elefante e da bailarina,
que chegaram juntos no circo
que voaram juntos no infinito.