Ana
Composição: Fernando Nunes Rolla.Entre os prédios da cidade, entre as almas condenadas
Não me resta nada a que me agarrar
Ela disse em tom de adeus
Queria a vida como um barco a navegar
Dizia sempre que queria viajar
Mas o pai a amava diferente do irmão
Ah! O seu sorriso era libido e o silêncio aceitação
Sonhar já era um fardo, no que mais acreditar
Ela corria para se salvar
Se me levar eu vou
Mas você não me ensinou como voltar
Escutou o coração
Cada dor e alguns problemas e a cabeça fora do lugar
Os dias sempre foram ruins
Mas nunca passaram tão devagar
Fugiu de casa, começou a trabalhar
Mas a miséria correu solta, não deu pra escapar
Sozinha, sem emprego, sem dinheiro, começou a mendigar
Pedia uma chance, um serviço, já nem tinha onde morar
De casa só lembrava dos seus pais dizendo:
‘Você ainda vai sofrer muito na vida, com esse jeito em nada vai levar’
Em pouco tempo aprendeu a roubar
Teve um dia pra tentar se convencer
O que não é de todos, não é de ninguém..
Nem ela conseguia entender
Mas ouvia de várias bocas que
A vida é dura e que nunca ia ser alguém
De tanto ser pisada na calçada, seu sangue já manchava algumas mãos
Alguns meses depois só mais um corpo ao chão
E a vida continua, Ana ou Babilônia
O fogo queima na colônia e leva a destuição
O desespero não é o mal da nação
As ruas são as mesmas
Não se engane se achar que não, meu irmão