MORENA JAMBO Minha mãe, morena jambo, Da senzala à Casa Grande Serve as vontades do sinhô e da sinhá, Pra não apanhá, pra não apanhá. Saia rendada, mãos de fada Mucama de um coronel. Graça sem nome, na memória some, Segue tuas ordens, beija o teu anel. Morena jambo, que em noites frias Que de encanto, chora em segredo Enxuga o teu solitário sorriso, Tatuado na pele negra do medo. Oh Morena, tua voz cansada Recolhe todas as vozes mudas, A terra distante, a infância perdida, Tudo mudou, só tua vida não muda. Morena, cheiro de laranjeira, Na sala mestiça e no terreiro. De dia é mucama; à noite, na cama, Geme sem sentir, ama pra não apanhá.