Meu ranchinho é bem simples, o chão é de terra batida, As paredes são de lascas de guariroba partida, Com barro fiz o reboque em meio ao estrume de gado, De folhas do indaiá trançadas fiz meu telhado, Na porta não tenho chaves, fecho ela com tramela, minha sala se decora com a paisagem da janela, Na trave lá da cozinha, penduro réstias de alho, E vez em quando uma carne eu sapeco no borralho, Em cima da mesa um pote, que é minha geladeira, Na parede eu penduro panela e frigideira, Eu tenho fé em meu santo protetor que acredito, Que nunca vai me faltar mexido com ovo frito, Eu vivo neste refúgio com a minha companheira, Prendada pela beleza e muito trabalhadeira, Nós temos duas meninas que são uma formosura, Sonhamos que elas tenham um dia uma formatura, Junto ao fogão de lenha, toda noite eu me aqueço, fumaça arde meus olhos, nem assim eu me entristeço, Na chaminé sempre está aumentando o picumã, Mas é a vida que quis e sempre eu estou feliz ao acordar de manhã!