A Prova Real - Mano Boca (Sob O Sol Da Favela) Música Oficial
Composição: Mano Boca.O professor entrega a prova, o aluno vai receber
Se pressiona ao ver a nota, a pergunta que eu vou fazer
Um moleque criado nas vielas da quebrada
Anda pelos becos de dia até a madrugada
Não há tempo pra estudo, não há tempo pra nada
Tem que ficar ligado pra não entrar em fita errada
Eu no pátio da escola, vendo os cria da quadrilha
Com camisa do Cruzeiro, e outro com camisa da Fila
Os pais dão conselho, mas o filho não escuta
Logo se encontram no caminho da disputa
O pai dá conselho, a mãe pede por favor:
("Meu filho, fique ligado, não pague pra virar a dor.")
Com o filho o que acontece Mas depois é a mãe que sofre
Vendo o filho na prisão ou pela dor da sua morte
A mãe de joelhos, chorando de dor
Ao ver o mano no chão com o tiro que levou
E o repórter do lado, junto com o seu gravador
Entrevistando o PM que não pegou o opressor
Um Gol branco em fuga, sem placa, sem nada
Cometendo assaltos na Praça Centenária
Zé Povinho nas ruas, na porta de casa
Às 11 horas da noite, fofocando sobre a quebrada
Um carro vermelho não identificado
Rondando por aí, cometendo os assaltos
Cidadão não pode andar de bobeira por aí
Porque quando virar o rosto, o indivíduo vem aí
Três mano na calada, na porta do bar
Trocando umas ideia até o dia clarear
Eu dentro de casa, esperando o Sol raiar
Esperando amanhecer pra poder estudar
Um mano sentado, com jaco do Flamengo
Olhando para os lados, em pleno movimento
De bómbeta abaixada, com um olhar de ódio
Tentando prestar atenção, mas sempre perdendo o foco
Eu lá na escola, um mano veio me falar
("E aí, Bro? Como é que é? Como é que tu está?")
A vida 'tá' bem corrida, só há tempo pra pensar
O que quer pra a vida? Se vai roubar ou estudar?
Pela janela, eu vejo um humilde trabalhador
Andando pelas ruas vendendo seus espetos
Entrando nos bar, entrando nas vilas
Ganhando o seu dinheiro pra sustentar sua família
Escutando um radio escutando uma trilha
Ganhando seu dinheiro pra sustentar sua familia
(Me diz ae o que é,
que rima com solidão?
Que quebra o silêncio
e te arranca do chão?
É o alarme ingrato,
o galo que não mente,
Quatro da manhã,
e a labuta está quente.
me diz ae o que é,
que tem cheiro de orvalho,
Mas vira suor
na ponta do trabalho?
É o sereno frio,
a névoa que não perdoa,
Vestindo a camisa,
enquanto a cidade atoa.
Qual o nome do cara
que não vê a novela,
Que troca a cama quente
pela enxada na velha?
É o dono da força,
o senhor do capim,
Aquele que acredita
na colheita e não tem fim.)
O coroa na quebrada com a enxada na mão,
Capinando o bico, capinando o chão.
Fazendo o corre diário, em troca de um pilão,
Tentando se sustentar pra não ficar na solidão
o coroa tá no corre pra conseguir o seu pão,
O Playboy no mó luxo, dispersando no chão.
Pagando pau o coroa pelo estilo da vida,
Pro boy é só luxo, pra nós uma eterna ferida.
O moleque desde piqueno, já fazia tatu,
Com caneta escolar, se forjando na malu.
Jogava bola nos campinhos, ou no asfalto quente,
Com o pé descalço, Sentindo a alma da gente.
A galera no bar, assistindo um jogo,
Tomando uma cerva e gritando (vai porco).
O navão tá parado ali, só a mil grau,
Com o som pancadão que vem lá do mau.
Queimando o asfalto, funk pesadão,
É o fluxo da quebrada, que domina o portão.
Com o vidro fume rebaixado e os rodão
quando a polícia passou, molhou a visão do patrão
O copo de breja é o cálice da revolta,
Que te anima na volta, mas a tristeza te solta.
O funk é o rugido que o silêncio não aceita,
A roda cromada é o caixão que te ajeita.
O sangue do seu sangue vira juros no quintal
A coroa no sufoco paga a casa e o mensal
E o seu filho ingrato na ingratidão
Só faz trabalho pra ela se for em troca de um pilão
Do tanto que a mae lutou, pela vida que ela da
Pelo filho ingrato que não sabe aproveitar enquanto ela esta viva para poder lhe mostrar
Que o tempo não volta e a magua vai ficar
35° graus fazendo na cidade
e o prisioneiro na cadeia pensando em liberdade
Roubava carros de luxo passava na internet
foi enquadrado pela polícia e preso por 157
Comendo rango azedo dormindo no chão pagando o que fez para um humilde cidadão
Que trabalhava com esforço em busca do seu salário
trabalhava de dia passava o dia no trabalho
Um Fiat Uno acabou de ser roubado e o ladrão ainda não foi capturado
agrediram o pai agrediram a família e tudo isso por causa de uma divida
As duas da madrugada um acidente acontece
em frente à rodoviária é com uma caminhonete
O cara do carro branco ele estava bêbado
foi virar o cruzamento e apertou acelerador
Os curioso do lado gravando o acidente
divulgando nos grupo dando notícia pra gente
De manha e a tarde as crianças na parada
Esperando o ônibus no sol quente na quebrada
Ruas esburacadas lixo na porta de casa
escola sem comida o prefeito não investe em nada
só investe na luxúria só investe no prazer
depois sai pedindo o voto e quem ainda dá voto é você
Três homens andando na rua gingando por um lado e pro outro então
Conversando da vida corrida com um baseado acezo na mão
Conversando dos corres diário que ele percorria na escuridão
Trocando ideia com os mano da firma que ele trabalhava lá no Maranhão
Nessa semana saiu uma notícia que vai impressionar
mais de 100 mortos no Rio de Janeiro o clima está quente não vai vacilar
Inocentes foram feridos policiais foram alvejados
Tem bandidos que tentou a fuga tem bandidos que foi eliminado
O bandido reage à polícia sem dó, os tiros ecoam à tropa do dominó
que bate a peça na mesa e o som chega a estralar igual quando puxo o gatilho
E faço voçê sonha
Você vai tem que escolher qual matéria vai estudar
Aqui vai lhe dar futuro ou aqui a morte vai te levar
O ferro a caneta e aí qual você vai segurar?
Essa é prova real da vida, não há mais tempo pra chorar
(Um indivíduo, que ainda não teve a identidade confirmada, foi encontrado sem vida no local. Segundo fontes da polícia militar, ele teria sido fatalmente atingido após intensa troca de tiros. O confronto se deu no fim da viela, após uma perseguição que mobilizou diversas viaturas. O caso está encerrado, mas a área segue isolada para a perícia. Mais detalhes sobre a operação, a qualquer momento, em nosso plantão. Voltamos aos estúdios.)

