Versículo Da Favela - Mano Boca (Sob O Sol Da Favela) Música Oficial
Composição: Mano Boca.Desde o início, o valor não é igual,
O Sistema já divide o pão, o bem e o mal.
Abel na paz, o pastor, o homem da fé,
Caim na lida dura, suor que escorre no pé
as ruas da cidade vai se movimentando
os motoqueiros no corre fazendo o trampo
o truta pela janela vê a verdade da vida
do homem que não estudou e hoje está na ferida
o moleque tá sentado, parando para pensar
o que é que compensa mais o roubar ou estudar
o estudo que te leva a ter um futuro melhor
e o crime parceiro que faz a vida ser pior
la na rua da quebrada o negro que é agredido
por uma viatura que comparou com bandido
lá na rua de trás em luto uma família
por causa de um truta morto por outra quadrilha
lá na sala de aula a luta é constante
sonhos na mente e a coragem avante
o estudo é a chave a vida se anima
o sucesso é mc pancada, que é o firme na rima
desda escola o latrocionio começa
roubando canetas, a maldade que se expressa
alguns aprendem certo outros aprendem errado
escolhem a matéria errada e depois viram passado
na tarde dessa quinta um celular foi roubado
na sala de aula ninguem sabe quem é o acusado
não é só na rua que a vida tá perigosa
com roubos e agressoes como tambem na escola
(são 3 horas da manhã esta dificil dormir
com som de carro tocando na rua do lado ali
e eu aqui só deitado falando com deus assim
Obrigado deus por mais um dia que eu venci)
fim de semana nas ruas, andando nos matos
para um lado e para o outro de bombep e jaco
amanheçendo nas ruas fora da cela
na minha quebrada sob o sol da favela
amanhece na quebrada, o sol bate no barraco
vejo o moleque correndo, fugindo do desacato
a sirene corta o ar, polícia ronda o espaço
mas na mente eu só penso: será que hoje eu escapo?
A policia ta nas rua louco pra enquadrar você
Com uma viatura que a noite nem da de ver
Te pega de surpresa aponta a arma pra você
Te chama de ladrão por causa do jeito de ser
Um homem sem camisa gingando na rua
com a enxada no ombro olhando para lua
Com um bombap preto, cheio de tatuagem
No caminho das drogas no caminho da malandragem
O "sangue bom" de ontem, hoje vira testemunha
Te entrega pros "homens" pra limpar a própria unha
Eu vi castelos de areia desabar com o vento
Vi toda ilusão caí em um momento
(Minha mãe já dizia, com o terço na mão:
"só Jesus Cristo é o verdadeiro irmão"
Porque o homem é falho, o homem é vaidade
Te inveja pelo carro, pela roupa e liberdade)
Cê sobe um degrau o vizinho já te olha torto
Deseja o seu mal, quer te ver no sufoco ou morto
O cara aperta sua mão, te chama de "meu bom"
Mas se pudesse, desligava o seu som.
O "amigo" pergunta: "E aí, quanto cê ganhou?"
Não pra ficar feliz, mas pra saber se superou
Pra ele é só cifra, pra mim foi a alma empenhada,
Ele só vê o cifrão e não vê a madrugada.
A confiança é a peça que ninguém lubrifica,
Você limpa o cano, mas a alma não fica.
Ela enferruja fácil, na primeira desculpa,
E o disparo vem no peito de quem menos te culpa.
A vida é um tabuleiro, a rua é o xadrez,
A lágrima ensina mais do que a escola, talvez.
Não é só o que cê vê, é o que cê tem na visão,
O mal tá no detalhe, na treta e na ambição.
a inveja é um amigo verdadeiro da traição
que dispara e te mata te deixa sangrando no chão
a munição é a fofoca dos antigos amigos
e o parceiro de ontem é quem aperta o gatilho
Zé povinho do lado fala mal dos bens que tem
mas no fundo da alma ele queria ter também
essa é a verdade da inveja é o que ela pode causar
a traição dos parceiros e até a morte pode levar
um muleke na quebrada vivia o seu conforto
hoje guarda no coração o dia do pai que foi morto
aquele mano lá ainda tá com aquela mina
brigando com ela de noite, voltando no outro dia
o truta de rua fazendo o seu trabalho
capinando os terrenos ganhando um trocado
a mulher que grava vídeo sem roupa no interior
na live de um aplicativo em troca de um seguidor
(La no fundo do terreno vejo uma escuridão
Com cinco malandros tramando a missão
lá no fundo do mato vai pegando fogo
igual a sua alma depois que sente o pipoco)
Um confronto em uma pequena cidade
Termina com mais um morto as 5 horas da tarde
Reagiu a polícia perdeu a sua missão
Fechado mais um caso de busca e apreensão
Pau no cu dos falador que só sabe é falar mal
Fala mal de mim pelas costas e nem sabe da moral
Minha vida é um livro aberto, mas não leio o final
Pra quem vive de inveja, o meu brilho é fatal.
A verdade da planta que é discriminada
Por ser usada como droga por uns truta da quebrada
Mas quando vira remédio na mão de empresa importada
Aí o lucro é aceito e a imagem é lavada
O vinho respirar na taça de cristal
Minha vida tá boa num nível surreal
Longe do sufoco brindo o que é meu
Se a luta foi grande o lucro valeu
O crime seduz mais cobra caro no fim
A liberdade é ouro não trocada por capim
Então escuta a ideia absorve o recado
Ser guerreiro de verdade é vencer o passado
(Versículo da favela escrito no coração
Quem planta a humildade colhe superação
Capítulo da vida sem final garantido
Mas quem anda na fé nunca anda perdido)
Várias pipa no céu voando no ar
Os muleke correndo tentando alcançar
Entrando nos matos pulando buracos
Entrando nos becos Pulando os muros dos barraco
Um grupo de muleke andando de bike
com roupas de marca e tênis da Nike
Fazendo malabarismos dando cortada no Ônix
Voando no grau mais rápido que o Sonic
No peito à Lacoste no mapa Hong Kong
Fazendo o grau é o bônus que se impõe
Não é só manobra é a sede de Skol
Se o asfalto e o céu a bike é o farol
O crime vai e volta igual rio para o mar
E quem entra na corrente sabe que não vai parar
A vida é o B.O cobra o juros da cruz
Me diz ai moleque onde cê busca sua a luz?
Então firma o pensamento, levanta a cabeça
Antes que o dia acabe ou a vida escureça
Que a favela tem voz, tem força e tem raiz
Paz, justiça e liberdade... é o que a gente sempre quis

