O Nono Nome
Composição: LUCAS POLONIA.O NONO NOME
(LUCAS RIOS)
Não foi o vento que moveu as colunas —
foi um nome que a pedra reconhece.
Não foi a fé que guiou o traço —
foi a ordem oculta, antes da prece.
A régua media o que não se via,
o compasso girava sem chão.
E a mão que desenhou o templo
não tremia diante da escuridão.
Não fez oração. Fez comando.
Desceu ao centro da espiral.
Falou com quem habita o abismo,
e selou com silêncio ritual.
Setenta e dois ao redor do selo,
três pilares guardando o som.
E uma luz que não fere os olhos —
mas revela o que nunca se nomeou.
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Falam do rei — mas não do traço.
Do templo — mas não do verbo escondido.
O nono nome não cabe em canto —
ele arde em pedra, selado no risco.
Não foi o céu que ergueu o templo —
foi a sombra, guiada por medida.
Salomão sabia o que carrega um nome…
e por isso, o silêncio ainda vibra.
Cada traço guardava um espelho.
Cada símbolo, um grau de dor.
A verdade não estava nos livros —
mas no intervalo entre tempo e cor.
Ele não foi santo nem rei.
Foi arquiteto da tensão divina.
Ergueu um templo que não dorme,
com pedra, sangue… e disciplina.
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O nome esquecido respira na curva.
O selo partido revela a ferida.
E quem ousa decifrar o diagrama
deve aceitar que não há saída.
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Falam da glória — mas não da fenda.
Falam da coroa — mas não do abismo.
O nono nome não tem palavra —
ele treme no peito dos que viram o risco.
Não foi fé. Nem heresia.
Foi saber demais — e voltar marcado.
O nome não foi apagado do mundo…
o mundo é que foi apagado do nome.

