Que fosse mentira — viver assim feito espelho rachado, Teu sorriso seria menos máscara, mais amparo. O brilho do teu olhar não vagaria sem norte, perdido no breu que você criou. Haveria algum sentido melhor entre as notas que escondes sob a pele. Mas você não entende… não quer atravessar a fronteira, Onde viver bem exige ceder um pouco do que ferve por dentro. Não custa admitir aos outros — e ao reflexo que te encara — Que a vida é troca, é corrente, é o pulso dividindo o ar. Vá… buscar agora um novo rumo pra viver, antes que o peso te afunde onde nem a luz quer descer. A verdade dói — sim, eu sei — mas maior é a dor de te ver se entregando ao deserto que inventou. Queria decifrar esse enigma, esse “por quê” que te intoxica, De fingir que o pior é o melhor, como se a queda fosse abrigo, como se o fundo fosse lar. Cartografias de engano desenhadas no teu peito. Ecos viram trilha, a trilha vira pretexto. No fim, o espelho grita o que nunca quis ouvir… Vá… buscar agora um novo rumo pra viver. Porque nem todo labirinto é prisão — às vezes é só você que esqueceu a porta aberta.