Violência contra os Yanomami: o pior momento
6 de maio de 2022 • 24min
O Assunto
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A denúncia de um crime dentro da maior Terra Indígena do Brasil movimentou redes sociais, agentes de investigação e o poder Judiciário. Na comunidade Aracaçá, onde vivem cerca de 30 pessoas, uma menina de 12 anos teria sido estuprada e um menino de 3 anos, desaparecido por ação de garimpeiros – depois que o caso se tornou público, os indígenas estão desencontrados. Os riscos impostos à etnia “não são de hoje”, destaca Maurício Ye'kwana, mas cresceram expressivamente desde o início da pandemia: “são muito mais pessoas, mais barcos, mais aeronaves. E com esse aumento, crescem a violência e as doenças”. No episódio 700 do Assunto, o diretor da Hutukara Associação Yanomami relata à Julia Duailibi a escalada do garimpo e da criminalidade, cujo modus operandi envolve presença de facções criminosas altamente armadas, aliciamento de jovens com bebida e drogas e abuso sexual de menores. “O garimpo não tem lei”, resume Maurício. Estima-se que atualmente a terra demarcada dos Yanomami esteja invadida por 20 mil garimpeiros, que se multiplicam diante da “ausência total do Estado”, cuja responsabilidade constitucional é proteger o território e os povos tradicionais. Abandonados à própria sorte devido à inação da Funai e dos órgãos de fiscalização, os Yanomami convivem com os impactos sociais e ambientais do garimpo. “Não consigo mais tomar banho onde eu tomava, beber água onde eu bebia, não consigo mais pescar porque os peixes morreram. Pra onde que eu vou?”