INTERIOR Reino sozinha num ermo quintal do interior Reinado de assobio e de pito sob um céu laranja O sol aliviou a sanha, a lua cresce devagar Ninhada de sabiá-poca pia pra dormir Sanhaço e pomba-do-mato beliscam a fruta no pé Jurubeba, pitanga, tabaco, guaco, tempero, guiné Não vou trair o meu cangaço, carrego a bandeira da minha ralé Não cedo em batalha de ofensa com sangue, e arrepio com fé. Colho, pra ver se a fruta vermelha madurou Criança desvestida brinca sem olhar pra hora Anseio pela nuvem cinza, um vento pra espantar calor A gota de suor na nuca pinga sem cair Sonhei que a morte chegava do braço do meu protetor Tenho medo, preciso de espaço, careço muito de amor Não sinto mais o meu cansaço, não sei o que penso mas faço um café Tomara que chova, pro tempo passar sem demora nem fé.