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Raio-X: esquizofrenia musical da Loucurama é vida inteligente no rock brasileiro

Por: Gustavo Morais

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Formada por Felipe Orlandini (vocal), Renato Dancini (guitarra), Daniel Gushiken (bateria), Victor Sales (teclado) e Fernando Diz (baixo), a banda Loucurama tem origens em Santo André, a cidade “A” da região do ABC Paulista. Na estrada há um bom tempo, o grupo faz um trabalho que enobrece a novíssima música brasileira.

Como referências musicais, a banda baila com Luiz Gonzaga, aprecia um bourbon classudo com Frank Sinatra e viaja sem passaporte com os caras do Pink Floyd. De quebra, os caras também descansam no sítio dos Novos Baianos, dão um rolê com os 4 de Liverpool, curtem LA com Elvis Presley e surram o jeans com os Ramones! Segundo o quinteto, essa incrível mistura sonora resulta em um “rock esquizofrênico”.

Banda recria foto de coletânea clássica dos Beatles (Foto/Facebook)

Essa antropofagia musical, cênica e sensorial da Loucurama acaba de ser registrada em um EP. Batizado com o nome da banda, o trabalho conta com quatro composições autorais vem no rastro do primeiro lugar que os caras conquistaram na edição de 2017 do festival Time4music. Se o bom disco começa pela boa capa, o quinteto já marca 1×0.

A arte da capa “Loucurama” tem referências no teatro do absurdo e em Peter Gabriel (Divulgação)

O primeiro single dessa obra “tupiportoguaranifricana” é a faixa “Pés de Jequitinhonha”. Com traços que lembram o olhar crítico, ácido e bem humorado de Chico Anysio, a letra da música é um papo reto sobre conscientização ecológica e sustentabilidade. Como moldura, a canção tem um arranjo carregado de baião, rock e momentos que mesclam a vociferação da Nação Zumbi com elementos beatlemaníacos.

Quinteto representa o melhor da novíssima música brasileira (Foto/Facebook)

Fazendo jus ao título, a vigorosa “Explosão” é um hard rock que resgata as inquietudes das paixões de jovem roqueiro. Com um riff matador, essa música desperta no ouvinte uma imensa vontade de chegar em casa tarde, não colocar mordaças nos sentimentos e simplesmente viver a vida. Por sua vez, a hipnótica “Plantações de Alegria” é um incentivo para a aposentadoria do ativismo das redes sociais e, por consequência, o resgate da real vivência para além das telas de smartphnones.

Uma banda que sabe que “viver é fúria e folia” (Foto/Facebook)

Para encerrar com o EP chave de ouro, a Loucurama aposta na positividade da faixa “Trabalhar na Cena”. Por meio de um reggae maneiro, mas que depois dá uma guinada para a sonoridade floydiana, a banda deixa sua mensagem de incentivo aos que que querem entrar de corpo, mente e alma na cena musical. Com versos realistas, conscientes e incisivos, o quinteto explica que é possível driblar e vencer o perigoso e traiçoeiro jogo que é a indústria fonográfica. Para tal, basta fazer um som que estabeleça a conexão perfeita entre música e alma.

Por fim, mas não menos importante: se você não quer ouvir “mais do mesmo” ou está cansado da onda de marasmo que insiste em pegar o rock brasileiro pelos amplificadores, o Palco MP3 da Loucurama é o lugar ideal para seus ouvidos.

 

Gustavo Morais