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Diego Perin

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EstiloRock
Cidade/EstadoCuritiba / PR
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Release

CUIDADO AO FICAR MUITO À VONTADE
Diego Perin cria cenários, conta histórias e reflete sobre o mundo em seu primeiro álbum

Diego Perin é um excelente criador de histórias. Daqueles rápidos, que com um estalo aparentemente banal já cria um argumento e, com poucas palavras, consegue habilmente fazer você visualizar um cenário que brotou da cabeça dele em poucos segundos.

Seu primeiro álbum, “Cuidado ao ficar muito à vontade”, é uma sequência de narrativas ambientadas em alguns daqueles cenários da cabeça do músico e compositor curitibano, mas agora com trilha sonora. E você vai perceber que tudo se passa em algum momento muito próximo ao agora, 2019. São oito faixas, que passeiam por diferentes sonoridades - do balanço com um pé no afrobeat, passando pelo gostinho caipira interiorano, levadas emocionantes e rocks.

Lançado em junho, esses textos musicais são tão certeiros quanto pessimistas. Ou com uma dose de otimismo reverso, como já definiu o colega de banda, Vinícius Nisi. São inúmeros trechos que descrevem o mundo e as relações no pós-golpe. “Nem sempre a sabedoria e a idade são proporcionais”, recita na faixa “A ficha cai”. Ou ainda “a memória tem o péssimo hábito de enganar”, como canta em “Agora”.

O tempo parece ser um fio condutor desse disco. A tríade antes / agora / depois aparece de diferentes formas nas canções compostas nestes últimos meses. Às vezes como nostalgia, em outras como decepção e angústia, mas também como esperança. Esse calendário musical de oito páginas ganhou arranjos executados pelo trio formado por Douglas Vicente (bateria), Vinícius Nisi (sintetizadores, teclado e bozouki) e Ruan de Castro (baixo). A produção é de Rodrigo Lemos, repetindo a bela parceria do EP “Cabresto”, lançado em março de 2018.

Dar o play já te joga na história correndo. “O que é que falta” abre o disco com a fórmula bateria reta, baixo hipnótico e riff de guitarra para Diego falar sobre a rotina egoísta, na qual a gente até sabe do sofrimento de alguém, mas acaba ignorando porque já tem dúvidas demais. O refrão com um tom aterrorizado pergunta “o que é que falta em nós?”. A resposta talvez venha logo depois, na segunda música. “A ficha cai” tem um balanço com um pé no afrobeat para dizer que não há mais espaço para sermos isentões.

“Não vou buzinar” é um respiro de leveza e otimismo. Groove lento de uma história que se passa durante poucos segundos após o semáforo ficar verde. É quase possível visualizar o Pateta no trânsito e sua total falta de empatia. O refrão festivo e dançante disfarça um certo desespero.

Desvendar seus pais, confrontar seus próprios pensamentos, mastigar decepções, são alguns dos temas que vão ganhando sons na sequência do disco. Há espaço também para um vocal debochado em “Wall Street”, à la Zé Ramalho, que te coloca rapidamente em alguma cidade do interior, onde quatro cavaleiros furam o sinal com suas SUVs prateadas. “Ontem à noite eu senti a mão invisível do mercado, que me estrangulava”, canta.

As duas últimas faixas são sensoriais. “Dias bons” é um cenário, é um cheiro, é uma lembrança gostosa. Música lenta para ouvir dirigindo numa tarde de sol. “Agora” mais uma vez remete ao tempo, à dança entre o novo e o antigo. “De que adianta fuçar a gaveta buscando a resposta se a chave pra tudo está sempre tão longe do lar?” pergunta. Trata-se de uma tranquila lucidez após levantar tantas dúvidas, tristezas e agonias no decorrer do disco. “Esteja aqui agora. E fique presente, aproveite”, são as últimas frases dessa narrativa de oito músicas, num gentil convite ao momento.

Essa meditação no final do álbum mostra que Diego está em paz com seus fantasmas e que, apesar da advertência estampada na capa do disco, encontra-se à vontade na sua caminhada à procura da chave para tudo.

Sobre Diego Perin

Diego Perin começou a estudar música em Igarapava (SP), com 16 anos. Formou a Banda Gentileza, em 2005, projeto no qual tocou baixo e concertina, lançou dois EPs ao vivo e dois álbuns em 10 anos de carreira. Com a Gentileza, tocou em várias cidades e festivais como o Psicodália, Calango (Cuiabá), Contato (São Carlos) e Path (São Paulo). Nesse meio tempo também participou do projeto de Rodrigo Lemos, o Lemoskine, onde conheceu o Vinicius Nisi.

Seu projeto solo surgiu após o fim da Banda Gentileza, em 2016. Depois de um período de gestação de um ano, quando compôs suas primeiras músicas, juntou-se a Rodrigo Lemos para gravar “A Dor dos Outros”, single que foi o pontapé inicial do EP “Cabresto”, já com o Nisi nos teclados, lançado em 2018. Nesse meio tempo, começou a tocar com o Douglas Vicente e o Ruan de Castro na banda de Estrela Leminski e Teo Ruiz. Assim, Diego oficializou o quarteto para a gravação de “Cuidado Ao Ficar Muito À Vontade”, lançado em junho de 2019.


Heitor Humberto

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