Marisa Silvério

Marisa Silvério

EstiloSertanejo
Cidade/EstadoGuarapari / ES
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Inesquecível pioneira da Música Sertaneja do DF nos idos anos 80 e 90 Marisa Silvério é natural de Patos de Minas, MG tendo passado sua adolescência em Formosa, GO, cidade citada por ela como sua segunda terra ao se denominar, sorrindo, "goianeira": metade goiana e metade mineira fazendo a mais absoluta questão de levar os nomes das duas cidades amadas por onde passasse durante sua trajetória musical.

Sua história com a música teve início no palco da Rádio Clube de Patos, MG onde, aos seis anos de idade já brilhava e encantava toda a Patos de Minas através dos microfones do ?Programa das Crianças? aos domingos, após a missa das crianças na Catedral de sua terra. Ao lado do então ?Re?i Waldir Carvalho, Marisa Silvério foi a ?Rainha? que por mais tempo permaneceu no trono do referido programa gravando, definitivamente, desde tenra idade, seu nome na História da Rádio Clube de Patos e da Capital Nacional do Milho, Patos de Minas.

Aos oito anos Marisa Silvério muda-se para Brasília-DF com seus pais que, ali, se separam e aos doze, para Formosa-Goiás em companhia de sua mãe e irmãos, onde começa a tocar violão e a cantar nas festas de colégio, missas e serenatas iniciando ali, a "fase dos Festivais".

Seu carisma, jeitinho gracioso e humilde (tratando todos os seres que cruzavam seu caminho como iguais) conquistou inúmeros fãs na antiga ?Formosa dos Couros? e renderam-lhe os títulos de "A Cantora de Formosa" e "A Namoradinha do Sertão".

Aos 17 anos volta para Brasília onde estuda e trabalha mantendo seus vínculos com a cidade goiana Formosa que a recebeu como filha, passando ali os fins de semana.

Marisa sempre se orgulhou de sua origem 'caipira', filha e neta de "peões", tão sertanejos quanto ela, não se conformando com o preconceito existente nas décadas de 70 e 80 no país em relação àquela que ela considerava a mais autêntica Música Popular Brasileira: a música raiz.

Sertaneja e caipira de nascimento e coração, imediatamente após a conclusão de sua primeira Graduação, Licenciatura em Educação Artística (1983),) Marisa Silvério opta pela Música Sertaneja, ao gravar o primeiro disco (1984) objetivando levar até onde sua voz pudesse alcançar, a certeza de que o fato de assumirmos com orgulho nossas origens não significava, em absoluto, sinônimo de ignorância! Pelo contrário: denotava, sim, imensurável prova de sabedoria, humildade bom gosto e amor por nosso Brasil caipira!

E foi assim, de cabelos longos e cacheados, jeans, camiseta, tênis ou simplesmente uma rasteirinha, com aquele seu jeito faceiro parecendo mais uma "cocotinha" que uma autêntica caipira que, ao entrar nas rádios de Brasília com seu primeiro trabalho nas mãos, por inúmeras vezes, lhe indicavam o caminho das FMs e ouviam, incontáveis vezes sua educada, porém triste resposta:
"Eu sei, amigo! Mas, as FMs de nosso país ainda não rodam a mais popular de todas as músicas: a autêntica MPB. Por isso, eu e tantos outros grandes artistas (muitos, até mais talentosos que eu) lamentavelmente, nos vemos obrigados a entrar "apenas" pelas portas das AMs!..
Ainda assim, somos gratos a Deus e aos locutores das AMs que nos recebem de braços abertos! Porém levamos conosco a certeza de que, um dia isso ainda há de mudar, porque o povo brasileiro sabe o que quer e aprecia a autenticidade!
Um dia essa minoria (a elite) que domina o mercado musical brasileiro render-se-á e assumirá, sem receio, o gosto pela Música Raiz! Só a partir daí, as portas das FMs (e tantas outras) se abrirão pra nós... caipiras e sertanejos!

Desde então... Marisa Silvério e alguns de seus companheiros de luta, sertanejos como ela, se uniram e partiram para um trabalho de conscientização junto à várias Escolas e Universidades do DF, levando à nova geração (1984-1985-1986-1987)através de incontáveis e incansáveis palestras, depoimentos pessoais e das próprias modas de viola, um pouco de nossa cultura popular, folclórica e das origens da mais Popular de todas as músicas tocadas em nosso país: a sertaneja.

A seu lado, "caipiras" como Zé Mulato e Cassiano, Rey da Prata, Ivan Moreno e Marcinho, Clayton Aguiar, Chico Rey e Paraná, Dedé e Marilu, Juracy Pereira, Advogado e Engenheiro, Princesa e Paloma, Dedé e Marilú, Compadre Juarez Fernandes (um dos maiores locutores sertanejos do DF - além de líder de audiência em seu Programa de televisão, o Ao Som da Viola que 'abriu as portas' para todos os caipiras do DF e para muitos do Brasil), o compositor Antônio Victor dentre outros, todos pioneiros, guerreiros, amantes do belo... e da magia contida na simplicidade existente em nossas raízes... e na origem do povo brasileiro!!!

Grandes talentos e pioneiros da Música Raiz no DF todos deixaram sua marca e iniciaram um plantio (1983, 1984, 1985, 1986, 1987) que hoje Brasília e o Brasil vê florescer nas vozes de muitos "caipiras" que se encontram entre os maiores vendedores de discos do país e que também passaram pelo palco do 'Ao Som da Viola'.

Professora de Educação Artística da então Fundação Educacional do DF Marisa ministrava aulas na cidade satélite Ceilândia onde se dedicava com amor à mais essa missão. Mais que professora, era amiga e confidente de seus alunos que admirava, incentivava e amava enviando-lhes beijos semanalmente em seu Especial às 2ªs Feiras, no Programa do Compadre Juarez Fernandes na Rádio Planalto.

Ainda hoje, Marisa Silvério cita com ternura o Compadre Juarez Fernandes como uma das pessoas que mais a ajudou desde o início de sua trajetória, afirmando:
"Algumas pessoas que passam por nossas vidas são inesquecíveis e certos favores, só Deus é capaz de pagar por nós! Por isso, eternizo minha gratidão nas orações que faço pelas famílias daqueles que tanto fizeram por mim. E mesmo que eles jamais venham, a saber, imagino que sintam as boas vibrações que busco enviar-lhes e isto me conforta e me basta."

1989: após concluir sua segunda graduação (Bacharelado em Artes Cênicas), Marisa segue para o Rio de Janeiro onde, na Faculdade Hélio Alonso realiza o "Curso de Formação Para Atores de Vídeo" ministrado por Wolf Maia. Morando em um pensionato onde ela e suas colegas de quarto não tinham acesso a televisão, começa a ouvir falar do estouro de uma "nova" Dupla Sertaneja.

Só ao retornar à casa de sua mãe em Brasília teve a nítida certeza de que, graças às vozes de dois irmãos goianos, humildes, de almas simples e autênticas como a sua, para os quais sua mãe (Dª Rita) havia feito biscoitinhos de queijo certa noite, após a gravação do Ao Som da Viola já que ambos acompanharam o Zezé até sua casa pra "tocar uma violinha", graças às estrelas dos irmãos Leandro e Leonardo, as portas das FMs (e tantas outras!) finalmente começavam a se abrir para aqueles que falavam a mesma linguagem que ela: os sertanejos do Brasil.

1991: Marisa Silvério grava seu 3º LP e, com a ajuda de seu pai, muda-se para SP onde teve a felicidade e a satisfação de conhecer muitos outros amantes da mais brasileira de todas as músicas, excelentes produtores, intérpretes, compositores e grandes seres humanos como Mário Maranhão, Tivas, Nino, Joel Marques, Elias Muniz (que lhe prometeu o sucesso de seu próximo trabalho) citando, para não pecar, apenas aqueles que ela gravou. Além do Paiva - goiano de Três Ranchos, seu amigo e confidente, o Manoelzinho e Darci Rossi que, após um jantar, a levaram a uma feirinha noturna e lhe compraram os primeiros "kiwi's" que ela comeu em sua vida. (são "pequenos grandes gestos" repletos de afeto, carinho, delicadeza e atenção. Os mais importantes para a mineira de alma simples:
"Não costumo me esquecer de coisas como essas, jamais se apagam de minha memória!"

Oportunidades de ingresso em algumas das principais e famosas gravadoras evidentemente surgiram e propostas indecorosas também. Porém... o preço a pagar era alto demais!... e em hipótese alguma a "caipira" que até então já tivera a sorte de cursar duas graduações se sujeitaria a pagar um preço tão alto por um Contrato ainda que dele dependesse sua ascensão profissional e a conquista de seu espaço como intérprete musical e compositora em todo o Brasil!

Marisa possuía plena consciência de seu talento. Portanto, sua visão de sucesso era diferenciada e seus valores, imutáveis! Assim, sua Fé no Criador levaram-na a optar por deixar que a conquista de tal espaço - sonho de todo artista - ocorresse de forma natural e sem traumas apenas "se assim tivesse que ser" mais uma vez colocondo sua vida... e sua carreira na mais Sábia de todas as Mãos: as Divinas.

1982: Marisa Silvério reencontra um amor do passado que vai buscá-la em SP.
1983: de volta à Brasília, casa-se com o grande amor de sua vida e, embora ainda se dedicasse à música, a chegada de sua primeira filha, Lara, exigiu maior dedicação à família.
1985: após perder seu marido e companheiro em um trágico acidente na cidade de Brasília, Marisa passa a viver exclusivamente em função de sua filha Lara então, com 1 aninho e um mês de idade, abrindo mão, não apenas de sua vida pessoal como também de sua vida profissional.

Afirmava Marisa: "Há momentos nos quais precisamos estabelecer prioridades.
A minha, hoje, é minha filha. Quanto ao meu futuro profissional, há muito o coloquei Nas Mãos d'Aquele que Sabe o que é melhor para cada um de nós! Se um dia eu puder e me encontrar em condição de retomar meu canto não hesitarei em fazê-lo, pois amo a música e a arte cênica! Até lá, cito o compositor Antônio Victor em uma das músicas de sua autoria, que me ajudou a conquistar o carinho de muitos fãs: "...eu já sou artista por sobreviver!"

Por tudo isto, Marisa solicita que eu diga àqueles aos quais, carinhosamente ela chama "meus fãs" que apesar das circunstâncias terem-na afastado da música, se um dia o Criador achar que é chegada a hora de voltar a cantar profissionalmente, certamente abrirá todas as portas para que isto ocorra de forma natural pois Ele sabe que a música ainda pulsa em suas veias e sai por seus poros e aproveita a oportunidade para agradecer o carinho e a atenção que sempre lhe dedicaram, voltando a beijar suas almas.

Um amigo e fã de nossa querida Marisa Silvério.

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