Misselânia K. é a união de músicos ao redor de um campo de composições de Alexandre Missel Knorre que, em sua maioria, tem influência da Filosofia da Imanência ou da Diferença, de Gilles Deleuze, e alguns dos conceitos de Michel Foucault, fazendo com que a letra se abra à invenção de temas ou a uma nova abordagem dos assuntos recorrentes do cenário fonográfico.

As melodias são criadas ora no piano, ora no violão sem regras predefinidas à invenção, sempre ecléticas e varidas, facilitando a miscelânia final proposta pela banda.

Na maioria das suas composições a música surge antes ou simultaneamente à poesia. Poucas vezes, nascem apenas palavras. Toda a letra acoplada à melodia só ganha espaço na música se o estiver merecendo e se pertencer a alguns princípios poéticos de Alexandre: ser afetivamente viva e ardente e, que aborde com clareza, conceitos que facilitem a afirmação de toda possibilidade de vida, de toda a diferença %u2013 este é um compromisso ético-estético-político de cada canção deste compositor.


A construção de arranjos e harmonias recebe o mesmo cuidado: são criadas para que possam ser tocadas independente da letra e da própria música. O trabalho de fazer estas inserções harmônicas caberem na música junto com a letra e a melodia principal exige dos parceiros de Alexandre Missel Knorre uma dedicação afetiva e técnica que supere o comum. Lúcio Chachamovich (guitarra e violões) e Carlos D'Elia (baixo, violão nylon e vocalizes) temperam as composições e a cada harmonia %u201Cmiscelam%u201D um coquetel de notas que permite à melodia uma autonomia em relação à poesia da composição, detonando um arsenal impactante de instrumentalizações e sons. Dado Silveira (bateria) se responsabiliza por acrescentar ritmos, velocidades e intensidades a cada compasso musical. Esta junção de instrumentistas tem compromisso com a musicalidade brasileira: inventar-se constantemente.